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Por que a Rede Globo está tentando se aproximar dos evangélicos?

Na ultima semana de Maio de 2010, o Jornal Nacional da rede Globo de Televisão apresentou uma série de reportagens sobre a importância do trabalho social desenvolvido pelas igrejas evangélicas no Brasil. A série tem provocado reações diversas entre os evangélicos. Surpresos com o tom das reportagens que elogiam o belo trabalho social das igrejas, muitos evangélicos ficaram meio confusos com tudo isso. Dividiram-se entre os extremos de derreter-se em elogios diante do ato da Globo ou suspeitar de uma “conspiração no ar”, de “armação que vem por ai”.

Ora, como se diz popularmente, “nem oito, nem oitenta”.

Uma coisa é reconhecer o acerto da Globo em produzir esse tipo de matéria (onde, involuntário, inconsciente e indiretamente, ela acaba até evangelizando, ao divulgar testemunhas de pessoas transformadas pelo poder do Evangelho – O que é uma benção!) e outra coisa bastante diferente é dizer que a Globo mudou seus valores por causa disso. Não, ela não mudou. A Globo não é agora “canal dos evangélicos”. Suas novelas continuam divulgando valores que chocam-se frontalmente com os valores bíblicos. Suas novelas também continuam, por exemplo, divulgando o espiritismo. Essa aproximação da Globo é tão somente estratégica. É uma aproximação absolutamente natural por razões obviamente comerciais. E essa constatação não desmerece a importância dessas matérias do JN e o elogio que devemos dar a elas, tão somente é um fato que não devemos esquecer ou diminuir, e que nos policia de arroubos ufanistas.

A Globo sempre teve preconceito em relação aos evangélicos? Sim. Quem não tem memória curta sabe muito bem disso. Inúmeros são os exemplos. Apesar de a briga da empresa ser mesmo com a Igreja Universal e a Rede Record, que pertence a lurd, sempre foi notório o preconceito da Globo – às vezes velado, às vezes manifesto – em relação aos evangélicos. Porém, alguns fatos acabaram levando-a a atenuar tal posicionamento.

Primeiro, o crescimento da Rede Record e o fato de a Universal alimentar o discurso de que “a Globo odeia os evangélicos” (embora, observe-se, a programação da Record é tão negativa em termos de valores quanto a programação de sua rival). Segundo, o fato de que a Globo andou perdendo audiência nos últimos anos e pesquisas demonstram que a Globo tem uma péssima imagem diante dos evangélicos. Terceiro, como a própria revista Época, que pertence ao gripo Globo, divulgou no final de maio, estima-se que em 2020 o Brasil será majoritariamente evangélico (50% de evangélicos e os outros 50 % formados de católicos, adeptos de outras religiões e sem religião). Ora, se o público da Globo é o público brasileiro e pesquisas mostram que daqui a 13 anos a maioria desse público será ligada a um segmento da sociedade brasileira diante da qual a Globo tem hoje uma péssima imagem, nada mais natural do que a Globo tentar-se aproximar desse segmento. É uma questão de necessidade comercial.

Daí as matérias positivas no Fantástico sobre o trabalho de um pastor nos presídios do Rio de Janeiro; daí também a inserção de personagens evangélicos na novela das oito – programa de maios audiência na tevê brasileira – com trilha sonora com música evangélica (tentativa de causar boa impressão que deu errado por causa da idéia de mostrar “o evangélico do bem” em contraste com o “evangélico do mal”, o que resultou em uma caricatura que distorcia o posicionamento dos evangélicos sobre a tolerância e a prática homossexual como pecado), etc. Enfim, a Globo está tentando mudar sua imagem, não seus valores.

Portanto “nem oito, nem oitenta”. A série foi muito boa, mais não podemos confundir as coisas. Precisamos diferenciar acerto de motivação e intenção de conteúdo. Enfim, atinar para aqueles princípio de Filipenses 1.12ª, 18.    {JC, edição n°71}

Revista Geração JC- Ano IX- nº 71 página 31- geracaojc@cpad.com.br